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Conversas em cima de um monte, com um plástico do ACNUR e uma parabólica da Missão Portuguesa.... clubenauticodili@hotmail.com
quarta-feira, setembro 17, 2003
Caríssimo Joaquim,
É interessante por vezes constatar que, alguns destes seres que vagueiam pelos confins do mundo ainda conseguem encontrar inspiração para espicaçar o intelecto quase ausente dos habitantes desta parte do mundo!
Parabéns aos novos colaboradores da página. Interessante, nunca diria soberbo mas simplesmente esforçado. Continuem o vosso laborioso raciocínio e quem sabe podemos trocar uns pensamentos...
Só é pena que certas individualidades com aspecto banal mas de figura importante, ao estilo quase de D. Quixote e que lutam por certo também contra inexpugnáveis moinhos imaginários, não possam ser colaboradores desta página...
Seria porventura interessante trocar breves ideias menos formais e, no entanto, talvez mais sérias que alertassem as criaturas para a triste figura que fazem.
Sr. Dr. Ex.mo. Ministro dos Negócios Estrangeiros e afins da ilhota maubere, tenha a santa paciência, mas procure livrar-se desses Sanchos Panças, conselheiros ignaros para os assuntos de que supostamente é responsável!
Está no momento exacto, diria mesmo irreversível, de cirurgicamente talhar um perfil mais enxuto perante um público e um governo que o atura há imenso tempo sem nunca terem tido a coragem de o desafiar!
Chega de vulgaridade, olhe que o bambúrrio está prestes a acabar.
Quanto aos visados, ainda que nem sempre vos aprecie nas vossas magnânimas manifestações, e confesso que nem sempre têm uma perspicácia apreciável, desejo-vos, no entanto, a melhor das sortes.
Cumprimentos,
Felin Xupado
É interessante por vezes constatar que, alguns destes seres que vagueiam pelos confins do mundo ainda conseguem encontrar inspiração para espicaçar o intelecto quase ausente dos habitantes desta parte do mundo!
Parabéns aos novos colaboradores da página. Interessante, nunca diria soberbo mas simplesmente esforçado. Continuem o vosso laborioso raciocínio e quem sabe podemos trocar uns pensamentos...
Só é pena que certas individualidades com aspecto banal mas de figura importante, ao estilo quase de D. Quixote e que lutam por certo também contra inexpugnáveis moinhos imaginários, não possam ser colaboradores desta página...
Seria porventura interessante trocar breves ideias menos formais e, no entanto, talvez mais sérias que alertassem as criaturas para a triste figura que fazem.
Sr. Dr. Ex.mo. Ministro dos Negócios Estrangeiros e afins da ilhota maubere, tenha a santa paciência, mas procure livrar-se desses Sanchos Panças, conselheiros ignaros para os assuntos de que supostamente é responsável!
Está no momento exacto, diria mesmo irreversível, de cirurgicamente talhar um perfil mais enxuto perante um público e um governo que o atura há imenso tempo sem nunca terem tido a coragem de o desafiar!
Chega de vulgaridade, olhe que o bambúrrio está prestes a acabar.
Quanto aos visados, ainda que nem sempre vos aprecie nas vossas magnânimas manifestações, e confesso que nem sempre têm uma perspicácia apreciável, desejo-vos, no entanto, a melhor das sortes.
Cumprimentos,
Felin Xupado
sexta-feira, setembro 12, 2003
Poema…
Assim que te vi processei-te...
Escarrapachaste-te na minha figura...
Subi ao pedestal que ergui
Trepei, cresci, floresci
De Nobreza tenho pouco
Salvo pelas botas bicudas
Às vezes parece louco
As moças ficam sempre sisudas
Assim que te vi processei-te
Falaste demais, já vi tudo!
Estou farto daqui andar.
Depois da festa, isto é o entrudo.
Abraços
O juiz
Assim que te vi processei-te...
Escarrapachaste-te na minha figura...
Subi ao pedestal que ergui
Trepei, cresci, floresci
De Nobreza tenho pouco
Salvo pelas botas bicudas
Às vezes parece louco
As moças ficam sempre sisudas
Assim que te vi processei-te
Falaste demais, já vi tudo!
Estou farto daqui andar.
Depois da festa, isto é o entrudo.
Abraços
O juiz
O Teatro da Vida
Há algum tempo atrás, Joaneto Didascálico, famoso actor e encenador teatral português, deslocou-se a Timor Leste.
A ideia era realizar uma série de "work-shops" sobre a intervenção demiúrgica do actor no espaço cénico pós-brechtiano, de modo a cativar o povo timorense para o teatro contemporâneo.
Os apoios vieram da Sociedade Portuguesa de Protecção aos Intelectuais de Esquerda e da Associação dos Amigos do Queijo de Nisa.
Como timorense e membro honorário do "Uma Fukun", fui convidado para jantar com Joaneto Didascálico no City Café ( pagou ele! ). Ao longo da conversa, consegui obter dele diferentes opiniões sobre o modo de representar um mesmo problema com actores ingleses, portugueses e timorenses.
- Como sabe - afirmou ele -, o problema mais universal é o da infidelidade conjugal. Agora imagine como é que os ingleses representariam semelhante peça:
George: Rebecca...
Rebecca: Diga, querido.
George: Há algum tempo que ando para lhe dizer uma coisa... ( na verdade, este é já o 5.º Acto e o gajo andou a peça toda a empatar tempo )
Rebecca: Não seja tão britânico... Diga logo!
George: Bem... eu... isto é... não sei se vai gostar.
Rebecca: Penso que já sei o que me vai dizer.
George: Então espero que não faça uma cena shakespeariana. Já me bastam as aulas que tive em Oxford.
Rebecca: Olhe que agora já é tarde.
George: Também acho... Gin?
Rebecca: Pode ser.
George: Obviamente que a culpa é toda minha.
Rebecca: Não se martirize mais, George.
George: Água tónica?
Rebecca: Pouca.
George: Conheci-a em Bagdad.
Rebecca: Espero que seja mais bonita do que a indiana de Calcutá...
George: Chama-se Soraia.
Rebecca: Soraia? Mas Soraia não era aquela que conheceu em Tombuktu?
George: Em Tombuktu era a Rosaly, lembra-se? Mas nada que se assemelhe às duas gémeas que conheci no Cairo.
Rebecca: Oh, George, como o império é vasto!
George: Sim, "Britannia rules the world!"
- Os portugueses, por outro lado, fariam a peça de maneira diferente:
Mercedes: Afonso...
Afonso: Diz, minha pescadinha de rabo na boca.
Mercedes:Tenho-te sido infiel...
Afonso: Cabra!
Mercedes:Vês, nunca passaste de um ordinário! A mamã é que tinha razão.
Afonso: Vagabunda!
Mercedes: Há quem não se queixe...
Afonso: Pois, imagino... É de Caicoli?
Mercedes: Sim, são! Como é que adivinhaste?
Afonso: Já tinha dado pela falta das cervejas no frigorífico.
Mercedes: Se me amasses de verdade, acho que compreenderias...
Afonso: Debochada!
Mercedes: O amor é uma coisa tão bonita!
Afonso: Pindérica!
Mercedes: A culpa foi daquele livro que me ofereceste, da Margarida Rebelo Pinto.
Afonso: Galdéria!
Mercedes: Tenho-o lido todas as noites.
Afonso: Vadia!
Mercedes: Ah, já me esquecia. Chegou hoje o dinheiro da herança do papá. Vamos jantar fora?
Afonso: Sim, minha pescadinha de rabo na boca.
- E finalmente os actores timorenses ( certamente influenciados pelas "work-shops" de Joaneto Didascálico ):
Bibá Ximenes: Gugu.
Gugu Ximenes: Hum.
Bibá: Queria dizer-lhe uma coisa. Tenho um amante.
Gugu: Já sei disso há um ano.
Bibá: Não é isso. Quero dizer que tenho um novo amante.
Gugu: Mas, então, o que acontecerá ao Fifi Sarmento?
Bibá: Não sei.
Gugu: Coitado. Hei-de convidá-lo para sócio da minha nova empresa petrolífera, no Suai.
Bibá: Acho que é uma obrigação sua. Afinal, você nunca foi muito amável para ele.
Gugu: Nunca mo apresentou.
Bibá: É verdade, tem razão! Tinha medo que soubesse...
Gugu: Tinha medo de quê? Não me estava a ver de catana em punho a cortar a cabeça de vocês os dois, pois não?
Bibá: Por acaso, estava.
Gugu: Não seja bárbara! Já viu a quantidade de sangue que se espalhava pela sala? Seria péssimo para os nossos tais de Lospalos.
Bibá: Ao menos podia mostrar uma pontinha de ciúme. Qualquer dia, atiro-me por aquela janela, só para lhe chamar a atenção.
Gugu: Não seja trágica! Estamos no 25.º andar. Já viu a queda que dava? Só iria complicar ainda mais o trânsito do suco.
Bibá: O Gugu não me liga nenhuma.
Gugu: Por favor, tive um dia difícil! A bolsa de valores de Bobonaro voltou a descer, comprei mais cinco petroleiros que estão parados em Baucau e tenho seis contas no B.N.U. dependentes da oscilação das taxas de juro da Reserva Federal Norte-Americana.
Bibá: O Gugu despreza-me...
Gugu: Ah, chegou o meu helicóptero particular. Vou ter que sair.
Bibá: Sim, sim, deixa-me outra vez sozinha para ir jogar com os seus amigos...
Gugu: Isso é impressão sua.
Bibá: Ai sim?... Então por é que leva o galo debaixo do braço?
Fielmente vosso,
Tonho do Ramelau
Há algum tempo atrás, Joaneto Didascálico, famoso actor e encenador teatral português, deslocou-se a Timor Leste.
A ideia era realizar uma série de "work-shops" sobre a intervenção demiúrgica do actor no espaço cénico pós-brechtiano, de modo a cativar o povo timorense para o teatro contemporâneo.
Os apoios vieram da Sociedade Portuguesa de Protecção aos Intelectuais de Esquerda e da Associação dos Amigos do Queijo de Nisa.
Como timorense e membro honorário do "Uma Fukun", fui convidado para jantar com Joaneto Didascálico no City Café ( pagou ele! ). Ao longo da conversa, consegui obter dele diferentes opiniões sobre o modo de representar um mesmo problema com actores ingleses, portugueses e timorenses.
- Como sabe - afirmou ele -, o problema mais universal é o da infidelidade conjugal. Agora imagine como é que os ingleses representariam semelhante peça:
George: Rebecca...
Rebecca: Diga, querido.
George: Há algum tempo que ando para lhe dizer uma coisa... ( na verdade, este é já o 5.º Acto e o gajo andou a peça toda a empatar tempo )
Rebecca: Não seja tão britânico... Diga logo!
George: Bem... eu... isto é... não sei se vai gostar.
Rebecca: Penso que já sei o que me vai dizer.
George: Então espero que não faça uma cena shakespeariana. Já me bastam as aulas que tive em Oxford.
Rebecca: Olhe que agora já é tarde.
George: Também acho... Gin?
Rebecca: Pode ser.
George: Obviamente que a culpa é toda minha.
Rebecca: Não se martirize mais, George.
George: Água tónica?
Rebecca: Pouca.
George: Conheci-a em Bagdad.
Rebecca: Espero que seja mais bonita do que a indiana de Calcutá...
George: Chama-se Soraia.
Rebecca: Soraia? Mas Soraia não era aquela que conheceu em Tombuktu?
George: Em Tombuktu era a Rosaly, lembra-se? Mas nada que se assemelhe às duas gémeas que conheci no Cairo.
Rebecca: Oh, George, como o império é vasto!
George: Sim, "Britannia rules the world!"
- Os portugueses, por outro lado, fariam a peça de maneira diferente:
Mercedes: Afonso...
Afonso: Diz, minha pescadinha de rabo na boca.
Mercedes:Tenho-te sido infiel...
Afonso: Cabra!
Mercedes:Vês, nunca passaste de um ordinário! A mamã é que tinha razão.
Afonso: Vagabunda!
Mercedes: Há quem não se queixe...
Afonso: Pois, imagino... É de Caicoli?
Mercedes: Sim, são! Como é que adivinhaste?
Afonso: Já tinha dado pela falta das cervejas no frigorífico.
Mercedes: Se me amasses de verdade, acho que compreenderias...
Afonso: Debochada!
Mercedes: O amor é uma coisa tão bonita!
Afonso: Pindérica!
Mercedes: A culpa foi daquele livro que me ofereceste, da Margarida Rebelo Pinto.
Afonso: Galdéria!
Mercedes: Tenho-o lido todas as noites.
Afonso: Vadia!
Mercedes: Ah, já me esquecia. Chegou hoje o dinheiro da herança do papá. Vamos jantar fora?
Afonso: Sim, minha pescadinha de rabo na boca.
- E finalmente os actores timorenses ( certamente influenciados pelas "work-shops" de Joaneto Didascálico ):
Bibá Ximenes: Gugu.
Gugu Ximenes: Hum.
Bibá: Queria dizer-lhe uma coisa. Tenho um amante.
Gugu: Já sei disso há um ano.
Bibá: Não é isso. Quero dizer que tenho um novo amante.
Gugu: Mas, então, o que acontecerá ao Fifi Sarmento?
Bibá: Não sei.
Gugu: Coitado. Hei-de convidá-lo para sócio da minha nova empresa petrolífera, no Suai.
Bibá: Acho que é uma obrigação sua. Afinal, você nunca foi muito amável para ele.
Gugu: Nunca mo apresentou.
Bibá: É verdade, tem razão! Tinha medo que soubesse...
Gugu: Tinha medo de quê? Não me estava a ver de catana em punho a cortar a cabeça de vocês os dois, pois não?
Bibá: Por acaso, estava.
Gugu: Não seja bárbara! Já viu a quantidade de sangue que se espalhava pela sala? Seria péssimo para os nossos tais de Lospalos.
Bibá: Ao menos podia mostrar uma pontinha de ciúme. Qualquer dia, atiro-me por aquela janela, só para lhe chamar a atenção.
Gugu: Não seja trágica! Estamos no 25.º andar. Já viu a queda que dava? Só iria complicar ainda mais o trânsito do suco.
Bibá: O Gugu não me liga nenhuma.
Gugu: Por favor, tive um dia difícil! A bolsa de valores de Bobonaro voltou a descer, comprei mais cinco petroleiros que estão parados em Baucau e tenho seis contas no B.N.U. dependentes da oscilação das taxas de juro da Reserva Federal Norte-Americana.
Bibá: O Gugu despreza-me...
Gugu: Ah, chegou o meu helicóptero particular. Vou ter que sair.
Bibá: Sim, sim, deixa-me outra vez sozinha para ir jogar com os seus amigos...
Gugu: Isso é impressão sua.
Bibá: Ai sim?... Então por é que leva o galo debaixo do braço?
Fielmente vosso,
Tonho do Ramelau
segunda-feira, setembro 01, 2003
Caríssimo Joaquim,
Não, não desisti de colaborar...
Antes de me desculpar (se é que tenho), queria apenas dizer que também eu fico triste por ter constatado que afinal a pobreza intelectual que paira pelos ares mauberes é realmente como pensava...
Paupérrima e desinteressada!
Enfim, nem sei se valerá a pena continuar com estas deambulações, meu caríssimo amigo...
Quanto às desculpas, posso ainda acrescentar que outros afazeres tomaram muito do meu tempo, que é escasso e precioso, diga-se. E, também por esta razão estive ausente destes trocadilhos subtis e não menos interessantes.
Acrescento ainda a minha total consternação e impotente indignação com o mais recente incidente: a morte do Sérgio...
Não que ele fosse meu grande amigo, mas conhecia-o, admirava-o e acima de tudo, acreditava nas suas mais nobres intenções. Aqui deixo também a minha mais simples e singela homenagem a um grande lutador da causa humana. Boa partida caríssimo Sérgio, que o teu legado fique para sempre na memória de todos aqueles que ainda acreditam que vale a pena lutar por uma condição humana melhor.
Finalizo, por agora, lembrando-lhe que aqui, neste apêndice do mundo, também nós deveremos continuar a lutar por melhorar a condição de vida humana dos que aqui co-habitam. Veja-se, por exemplo, as infâmes violações, contínuas e sem tréguas entre os compatriotas, ocorridas a todos os níveis, mesmo onde a autoridade supostamente deveria reinar: na academia da polícia.
E as mulheres, por que é que nunca se revoltam? Estão à espera de quê?
Pois é, os vossos sistemas judiciais não vos garantem protecção, não é?
E então, que mais se pode fazer?
Cumprimentos,
Felin Xupado
Não, não desisti de colaborar...
Antes de me desculpar (se é que tenho), queria apenas dizer que também eu fico triste por ter constatado que afinal a pobreza intelectual que paira pelos ares mauberes é realmente como pensava...
Paupérrima e desinteressada!
Enfim, nem sei se valerá a pena continuar com estas deambulações, meu caríssimo amigo...
Quanto às desculpas, posso ainda acrescentar que outros afazeres tomaram muito do meu tempo, que é escasso e precioso, diga-se. E, também por esta razão estive ausente destes trocadilhos subtis e não menos interessantes.
Acrescento ainda a minha total consternação e impotente indignação com o mais recente incidente: a morte do Sérgio...
Não que ele fosse meu grande amigo, mas conhecia-o, admirava-o e acima de tudo, acreditava nas suas mais nobres intenções. Aqui deixo também a minha mais simples e singela homenagem a um grande lutador da causa humana. Boa partida caríssimo Sérgio, que o teu legado fique para sempre na memória de todos aqueles que ainda acreditam que vale a pena lutar por uma condição humana melhor.
Finalizo, por agora, lembrando-lhe que aqui, neste apêndice do mundo, também nós deveremos continuar a lutar por melhorar a condição de vida humana dos que aqui co-habitam. Veja-se, por exemplo, as infâmes violações, contínuas e sem tréguas entre os compatriotas, ocorridas a todos os níveis, mesmo onde a autoridade supostamente deveria reinar: na academia da polícia.
E as mulheres, por que é que nunca se revoltam? Estão à espera de quê?
Pois é, os vossos sistemas judiciais não vos garantem protecção, não é?
E então, que mais se pode fazer?
Cumprimentos,
Felin Xupado
segunda-feira, agosto 11, 2003
Caros malais, liurais e coisas tais...
A maré está baixa. É a única altura em que se consegue sentir algum cheiro de maresia. Centenas vergam-se, posterior virado ao sol de fim de tarde. Entre o coral morto e as pedras procuram “budu tasi”. Mistura-se com sal, cebola, tamarinhos e chilli. Sabe a mar, assim como que um mar azedo e acre.
Bebo um coco. Carros andam para trás e para diante, evitando tudo o que lhes passa à frente, com mais ou menos respeito pelo alcatrão. Díli está escondida atrás da curva. O Cristo-Rei, outrora símbolo da invasão e do invasor, ainda continua virado para Jacarta mas, como a fé é maior que os homens – uma justificação como qualquer outra - agora já se diz abençoar a cidade e os fieis desta meia-ilha.
E bem precisam de algumas velinhas. Pelo menos a ver pelos recentes ataques veiculados pela grande imprensa local e internacional deste praça. Quem tem tempo faz colheres, ou como se diz em Manatuto, faz queimadas. Aqui, em Díli, faz-se política.
E faz-se tão bem, aliás...
Nunca me sentiria capaz de avaliar, adequadamente, a vida política local. Afinal lá para a minha terra o que me preocupa é a Arábica e a mandioca, não estas coisas de propriedades do Estado, passaportes ou se os códigos que ninguém sabe aplicar devem ser importados de mais perto ou de mais longe.
Mas isso não me impede de ler jornais. Ou de ver televisão. Ou de ouvir os discursos, mais ou menos carregados de passado, nas rádios que lá vão explicando o que se passa.
Outrora, nos primeiros meses de vida deste país, o discurso na boca de todos era o da “solidariedade institucional”. Um termo que deveria agradar a todos, não só aos timorenses mas, especialmente aos internacionais. Consegue, afinal, misturar duas palavras do léxico do “desenvolvimento”, quiçá um termo que terá origem na frase “de cem volvim mil”. Mas como o PR e o PM até parecem mais amigos, o termo deixo de ser utilizado.
Hoje o discurso é outro. Já há quem lhe chame a “desconcertação da oposição”. Em Timor, parece a quem vê de longe, que a oposição não precisa de ser atacada pelo governo. Ela própria, trata disso. Lá se vão desmentindo, desvinculando dos comentários um dos outros. Enfim, entre rumores de golpe, declarações em nome de todos mas com que nem todos concordam, dúvidas existenciais e interpretações diferentes do papel de cada um, lá se vão entretendo...
Bebo mais um golo do coco...
Poderia, rapidamente, tornar-se este local, um ponto de convergência ou de divergência de mentes. Um mero quadro onde um dito Joaneto e um dito Xupado se gladiavam, granjeando mais ou menos amigos, segundo a piada do dia ou a boca do momento. Poderia, facilmente, tornar-se num espaço onde outros se sentiriam acanhados, nervosos e com temor de participar, mais activamente, num diálogo mais salutar onde possam mostrar, todos, o que valem.
Mas não quero alimentar simplesmente os dois egos...
Confesso que me apraz saber que alguém se manifesta tão verdadeiramente preocupado com as questões prementes da meia-ilha. Com temas como a justiça, a defesa ou o estado do ego desde mero escriba, que pode, ou não, estar a ser amaciado por algumas dezenas de visitas por dia.
Apraz-me ainda mais saber que o “caríssimo” quer ouvir as minhas meras deambulações. Infelizmente, porém, o novo mentor deste monte, de seu nome Xupado, poupa nas palavras e evita, atacando, criticando, comentando, tecer qualquer opinião mais concreta ou pessoal sobre os temas de que discorre. Talvez vá ganhando coragem e assim, respostas igualmente mais concretas.
O coco está Xupado... vou-me embora.
Cumprimentos
Kona Ba
A maré está baixa. É a única altura em que se consegue sentir algum cheiro de maresia. Centenas vergam-se, posterior virado ao sol de fim de tarde. Entre o coral morto e as pedras procuram “budu tasi”. Mistura-se com sal, cebola, tamarinhos e chilli. Sabe a mar, assim como que um mar azedo e acre.
Bebo um coco. Carros andam para trás e para diante, evitando tudo o que lhes passa à frente, com mais ou menos respeito pelo alcatrão. Díli está escondida atrás da curva. O Cristo-Rei, outrora símbolo da invasão e do invasor, ainda continua virado para Jacarta mas, como a fé é maior que os homens – uma justificação como qualquer outra - agora já se diz abençoar a cidade e os fieis desta meia-ilha.
E bem precisam de algumas velinhas. Pelo menos a ver pelos recentes ataques veiculados pela grande imprensa local e internacional deste praça. Quem tem tempo faz colheres, ou como se diz em Manatuto, faz queimadas. Aqui, em Díli, faz-se política.
E faz-se tão bem, aliás...
Nunca me sentiria capaz de avaliar, adequadamente, a vida política local. Afinal lá para a minha terra o que me preocupa é a Arábica e a mandioca, não estas coisas de propriedades do Estado, passaportes ou se os códigos que ninguém sabe aplicar devem ser importados de mais perto ou de mais longe.
Mas isso não me impede de ler jornais. Ou de ver televisão. Ou de ouvir os discursos, mais ou menos carregados de passado, nas rádios que lá vão explicando o que se passa.
Outrora, nos primeiros meses de vida deste país, o discurso na boca de todos era o da “solidariedade institucional”. Um termo que deveria agradar a todos, não só aos timorenses mas, especialmente aos internacionais. Consegue, afinal, misturar duas palavras do léxico do “desenvolvimento”, quiçá um termo que terá origem na frase “de cem volvim mil”. Mas como o PR e o PM até parecem mais amigos, o termo deixo de ser utilizado.
Hoje o discurso é outro. Já há quem lhe chame a “desconcertação da oposição”. Em Timor, parece a quem vê de longe, que a oposição não precisa de ser atacada pelo governo. Ela própria, trata disso. Lá se vão desmentindo, desvinculando dos comentários um dos outros. Enfim, entre rumores de golpe, declarações em nome de todos mas com que nem todos concordam, dúvidas existenciais e interpretações diferentes do papel de cada um, lá se vão entretendo...
Bebo mais um golo do coco...
Poderia, rapidamente, tornar-se este local, um ponto de convergência ou de divergência de mentes. Um mero quadro onde um dito Joaneto e um dito Xupado se gladiavam, granjeando mais ou menos amigos, segundo a piada do dia ou a boca do momento. Poderia, facilmente, tornar-se num espaço onde outros se sentiriam acanhados, nervosos e com temor de participar, mais activamente, num diálogo mais salutar onde possam mostrar, todos, o que valem.
Mas não quero alimentar simplesmente os dois egos...
Confesso que me apraz saber que alguém se manifesta tão verdadeiramente preocupado com as questões prementes da meia-ilha. Com temas como a justiça, a defesa ou o estado do ego desde mero escriba, que pode, ou não, estar a ser amaciado por algumas dezenas de visitas por dia.
Apraz-me ainda mais saber que o “caríssimo” quer ouvir as minhas meras deambulações. Infelizmente, porém, o novo mentor deste monte, de seu nome Xupado, poupa nas palavras e evita, atacando, criticando, comentando, tecer qualquer opinião mais concreta ou pessoal sobre os temas de que discorre. Talvez vá ganhando coragem e assim, respostas igualmente mais concretas.
O coco está Xupado... vou-me embora.
Cumprimentos
Kona Ba
Caríssimo,
Eu sou a sua consciência, não é?
Gostaria de saber porque será que os "tugas" em geral nunca se pautam pela assiduidade...
É perfeitamente ignominioso que demore sempre tanto tempo a alimentar o seu prórprio ego, por certo e sabido que este blog foi apenas criado para fomentar mais do que a discussão acesa àcerca das questíunculas mauberes. Não é mesmo?
Aproveito para fazer uma ressalva ao poema recente que se apresenta na página do Kona Ba.
Meu senhor, ou minha senhora, os sedutores maduros, com ou sem dinheiro, podem sempre. Conseguem sempre. Que a sua ansiedade não se espraia apenas pelos meandros do Poy Cholor...
Há muito mais para ver por aqui, procure.
Voltando ao Joaquim, gostaria apenas de dizer que deve debruçar-se seriamente sobre as questões da defesa nacional. As gentes devem premunir-se de engenhos intelectuais e labutas configuradas em busca das soluções inerentes ao interesse nacional e, acima de tudo, propôr o mais refinado acautelamento das soluções.
Rebusque nos seus conhecimentos quem vem lá! Ou o quê...
Cumprimentos,
Felin Xupado
Eu sou a sua consciência, não é?
Gostaria de saber porque será que os "tugas" em geral nunca se pautam pela assiduidade...
É perfeitamente ignominioso que demore sempre tanto tempo a alimentar o seu prórprio ego, por certo e sabido que este blog foi apenas criado para fomentar mais do que a discussão acesa àcerca das questíunculas mauberes. Não é mesmo?
Aproveito para fazer uma ressalva ao poema recente que se apresenta na página do Kona Ba.
Meu senhor, ou minha senhora, os sedutores maduros, com ou sem dinheiro, podem sempre. Conseguem sempre. Que a sua ansiedade não se espraia apenas pelos meandros do Poy Cholor...
Há muito mais para ver por aqui, procure.
Voltando ao Joaquim, gostaria apenas de dizer que deve debruçar-se seriamente sobre as questões da defesa nacional. As gentes devem premunir-se de engenhos intelectuais e labutas configuradas em busca das soluções inerentes ao interesse nacional e, acima de tudo, propôr o mais refinado acautelamento das soluções.
Rebusque nos seus conhecimentos quem vem lá! Ou o quê...
Cumprimentos,
Felin Xupado
quarta-feira, agosto 06, 2003
NOITES FUSCAS DE DÍLI
No Poy Cholor vi à noite as tailandesas,
que passavam pernilongas e lascivas,
sem verem bem as minhas tentativas
e sem saberem que tinha dólares p'rás despesas!
Quero ter outra vez os meus vinte anos,
sabendo o que sei hoje, e atravessar-me
de coração pulando em puro alarme
no caminho das ditas. Mas tais planos
podem sair furados. É melhor
fazer valer os trunfos que ainda tenho
e franzir divertido o sobrecenho,
dando-lhes a entender que as sei de cor.
E sem saber se a tanto me aventuro,
vou-me dando ares de sedutor maduro.
Comprometidamente vosso,
Tonho do Ramelau
No Poy Cholor vi à noite as tailandesas,
que passavam pernilongas e lascivas,
sem verem bem as minhas tentativas
e sem saberem que tinha dólares p'rás despesas!
Quero ter outra vez os meus vinte anos,
sabendo o que sei hoje, e atravessar-me
de coração pulando em puro alarme
no caminho das ditas. Mas tais planos
podem sair furados. É melhor
fazer valer os trunfos que ainda tenho
e franzir divertido o sobrecenho,
dando-lhes a entender que as sei de cor.
E sem saber se a tanto me aventuro,
vou-me dando ares de sedutor maduro.
Comprometidamente vosso,
Tonho do Ramelau
terça-feira, agosto 05, 2003
Carissímo,
Confesso que, sorri quando li a sua mensagem e senti um certo alívio em pensar que se calhar não seria assim tão mau como, de repente, pude supor.
Contudo, para além de uma resposta muito em jeito de desculpa, transmite ainda algum embaraço, deveras solícito a um pequeno estremecer da sua exacerbada confiança mediática!
Muito bem, vejamos em que podemos ser-lhe útil nesta análise: aproprie-se de um certo estilo que o defenda publicamente da sua imagem e dos arrojados laivos do seu ego profissional que, nem sempre, convenhamos, lhe é devido.
As verdades são o que a nossa consciência dita nos momentos fartos de incongruências.
As verdades dos políticos nacionais e dos comuns mortais abraçam essas mesmas incongruências mas, não sublime, absorvem-nas num aproveitamento próprio imediato e desprendido do proveito futuro.
Aqui, as inconsistências resolvem-se com um sorriso, vago, sem emoção e vazio de sentido...
"Pode sim, senhor..." mesmo que não possa ou não saiba!
Porque o orgulho e a arrogância jamais deixariam que se vergasse à pura ignorância!
Assistimos assim ao progresso dos pobres de espírito. Sim, porque ser pobre no sentido literal da palavra, não significa consequentemente pobreza de espírito! Os pobres verdadeiros são criativos e sedentos de oportunidades para aprender. A vontade da aprendizagem é um estado de alma, não é uma obrigação nem um empreendimento forçado e sacrificante!
Vejamos se todos estão mesmo decididos a percorrer o caminho do conhecimento, da transformação e do progresso pessoal e nacional, sem arrufos descabidos e com a determinação de que é preciso crescer intelectualmente antes de se assumirem posições.
Não se pode ser juiz só porque dá estatuto. Deveras, isso constrange o desenvolvimento do indivíduo e limita a capacidade do progresso nacional. A humildade é uma franqueza dos inteligentes... dos que sabem e querem saber mais.
Senhores juizes, sejam honestos e assumam a vossa total ignorância, lânguida e cega. Assim, pelo menos deixarão de fazer figuras tristes perante os vossos e os outros. Quanto às consequências dos vossos actos, aprendam que errar faz parte do processo. Vocês são a maior vergonha nacional!
Desculpe Caríssimo Joaquim, emocionei-me...
Cumprimentos,
Xupado
Confesso que, sorri quando li a sua mensagem e senti um certo alívio em pensar que se calhar não seria assim tão mau como, de repente, pude supor.
Contudo, para além de uma resposta muito em jeito de desculpa, transmite ainda algum embaraço, deveras solícito a um pequeno estremecer da sua exacerbada confiança mediática!
Muito bem, vejamos em que podemos ser-lhe útil nesta análise: aproprie-se de um certo estilo que o defenda publicamente da sua imagem e dos arrojados laivos do seu ego profissional que, nem sempre, convenhamos, lhe é devido.
As verdades são o que a nossa consciência dita nos momentos fartos de incongruências.
As verdades dos políticos nacionais e dos comuns mortais abraçam essas mesmas incongruências mas, não sublime, absorvem-nas num aproveitamento próprio imediato e desprendido do proveito futuro.
Aqui, as inconsistências resolvem-se com um sorriso, vago, sem emoção e vazio de sentido...
"Pode sim, senhor..." mesmo que não possa ou não saiba!
Porque o orgulho e a arrogância jamais deixariam que se vergasse à pura ignorância!
Assistimos assim ao progresso dos pobres de espírito. Sim, porque ser pobre no sentido literal da palavra, não significa consequentemente pobreza de espírito! Os pobres verdadeiros são criativos e sedentos de oportunidades para aprender. A vontade da aprendizagem é um estado de alma, não é uma obrigação nem um empreendimento forçado e sacrificante!
Vejamos se todos estão mesmo decididos a percorrer o caminho do conhecimento, da transformação e do progresso pessoal e nacional, sem arrufos descabidos e com a determinação de que é preciso crescer intelectualmente antes de se assumirem posições.
Não se pode ser juiz só porque dá estatuto. Deveras, isso constrange o desenvolvimento do indivíduo e limita a capacidade do progresso nacional. A humildade é uma franqueza dos inteligentes... dos que sabem e querem saber mais.
Senhores juizes, sejam honestos e assumam a vossa total ignorância, lânguida e cega. Assim, pelo menos deixarão de fazer figuras tristes perante os vossos e os outros. Quanto às consequências dos vossos actos, aprendam que errar faz parte do processo. Vocês são a maior vergonha nacional!
Desculpe Caríssimo Joaquim, emocionei-me...
Cumprimentos,
Xupado
segunda-feira, agosto 04, 2003
Queridos malais, liurais e coisas tais...
P.S. Com cumprimentos especiais para o mais recente colaborador(a) Felin Xupado
Pondera-se como comunicar, daqui do monte, sabendo que quem lê, algures por esse mundo fora, pode ficar mais ou menos impressionado pelo que sai nas linhas electrónicas e balbuciantes com que se tenta brincar com as coisas.
Pondera-se como dizer o que apetece, respeitando um qualquer ordenamento de frases que estimule os olhares e, por inerência, o córtex de quem aproveita este momento de descontracção.
Pondera-se se é necessário, quiçá por marotice, deixar um qualquer azedume, mal vincado, perdido nas entrelinhas. Ou se é preferível adoptar-se um estilo mais Magnum 47, directo, mordaz, calunioso.
Pondera-se se o encosto, feito de uma árvore retorcida, é o mais útil, e se escrever num teclado tão pequeno pode contribuir para o reumatismo. Ou se basta de tuaca, que está a começar a afectar a capacidade de percepção do que aparece no ecrã, e o que apetece mesmo é um Chivas...
Pondera-se o que será do meu monte. Quando acabará? Quem o mantém? Quem são os simples leitores e os criativos colaboradores, mais ou menos assíduos?
E depois pondera-se ainda mais. Análises filosóficas ou poemas para o Tonho do Ramelau, conselhos de vida para a jovem (ou não) Soraia, deambulações moralistas para o Apócrifo e agora, para mal da literatura esquizofrénica de que padece este espaço, melhores textos, mais bem escritos, para o Felin Xupado.
Escrever, devagar, sobre o ritmo da meia-ilha, citando certo dia uma consultora... escrever mais depressa, sobre os que vão e vêm... escrever a uma velocidade talhada para os que se afirmam moderados, os contextualizadores que conseguem explicar tudo, comentar tudo e concluir tudo.
Porquê este fascínio?
Porquê andar, de mão em mão - como os papéis a pedir isenção de visto de entrada – à procura de um estilo próprio, que defina o espaço, que defina a vontade de escrever.
Sinto a ameaça de Felin Xupado, a pairar sob este corpo cansado e esta mente a precisar de um jantarito que inclua mais do que arroz embrulhado em folhas de coco. Sinto colarem-me ao ecrã aquele símbolo escarlate que me identificará para sempre como “aquele, que por mal escrever, foi denunciado publicamente pelo Xupado”. Desafio-me a escrever melhor, observo o ritmo de cada frase. Sem piadas baratas, sem referências ao constante do dia-a-dia. O que será um bom texto? Como se faz?
Sinto-me desvanecer perante a partida eminente da Soraia, esta grande companhia que dava um sabor mais picante a estas conversas. A única que falava do que verdadeiramente lhe vai na alma, ou, pelo menos, senão na alma numa outra qualquer parte do corpo.
Temo que, como eu, Tonho do Ramelau tenha ficado preso no debate sem fim entre os irmãos Ximenes, algumas “page down” abaixo deste texto...
E pondero o que dizer a seguir...
Cumprimentos
Kona Ba
clubenauticodili@hotmail.com
P.S. Com cumprimentos especiais para o mais recente colaborador(a) Felin Xupado
Pondera-se como comunicar, daqui do monte, sabendo que quem lê, algures por esse mundo fora, pode ficar mais ou menos impressionado pelo que sai nas linhas electrónicas e balbuciantes com que se tenta brincar com as coisas.
Pondera-se como dizer o que apetece, respeitando um qualquer ordenamento de frases que estimule os olhares e, por inerência, o córtex de quem aproveita este momento de descontracção.
Pondera-se se é necessário, quiçá por marotice, deixar um qualquer azedume, mal vincado, perdido nas entrelinhas. Ou se é preferível adoptar-se um estilo mais Magnum 47, directo, mordaz, calunioso.
Pondera-se se o encosto, feito de uma árvore retorcida, é o mais útil, e se escrever num teclado tão pequeno pode contribuir para o reumatismo. Ou se basta de tuaca, que está a começar a afectar a capacidade de percepção do que aparece no ecrã, e o que apetece mesmo é um Chivas...
Pondera-se o que será do meu monte. Quando acabará? Quem o mantém? Quem são os simples leitores e os criativos colaboradores, mais ou menos assíduos?
E depois pondera-se ainda mais. Análises filosóficas ou poemas para o Tonho do Ramelau, conselhos de vida para a jovem (ou não) Soraia, deambulações moralistas para o Apócrifo e agora, para mal da literatura esquizofrénica de que padece este espaço, melhores textos, mais bem escritos, para o Felin Xupado.
Escrever, devagar, sobre o ritmo da meia-ilha, citando certo dia uma consultora... escrever mais depressa, sobre os que vão e vêm... escrever a uma velocidade talhada para os que se afirmam moderados, os contextualizadores que conseguem explicar tudo, comentar tudo e concluir tudo.
Porquê este fascínio?
Porquê andar, de mão em mão - como os papéis a pedir isenção de visto de entrada – à procura de um estilo próprio, que defina o espaço, que defina a vontade de escrever.
Sinto a ameaça de Felin Xupado, a pairar sob este corpo cansado e esta mente a precisar de um jantarito que inclua mais do que arroz embrulhado em folhas de coco. Sinto colarem-me ao ecrã aquele símbolo escarlate que me identificará para sempre como “aquele, que por mal escrever, foi denunciado publicamente pelo Xupado”. Desafio-me a escrever melhor, observo o ritmo de cada frase. Sem piadas baratas, sem referências ao constante do dia-a-dia. O que será um bom texto? Como se faz?
Sinto-me desvanecer perante a partida eminente da Soraia, esta grande companhia que dava um sabor mais picante a estas conversas. A única que falava do que verdadeiramente lhe vai na alma, ou, pelo menos, senão na alma numa outra qualquer parte do corpo.
Temo que, como eu, Tonho do Ramelau tenha ficado preso no debate sem fim entre os irmãos Ximenes, algumas “page down” abaixo deste texto...
E pondero o que dizer a seguir...
Cumprimentos
Kona Ba
clubenauticodili@hotmail.com
Querido amigo,
Depois deste seu interregno, devo confessar que o meu entusiasmo se gorou pelos meandros dos UVAs, nas praias de Metinaro e Areia Branca...
Compreendo as suas dificuldades e compromissos, desconfio, no entanto, que o que diz seja realmente o que se passa. Mas isso também não me diz respeito.
Estou de partida, não sei por quanto tempo nem se vou voltar...
Decidi ir tentar mais uma vez com o meu marido...
Sinto, no entanto, que as coisas estão péssimas e que não há mesmo volta a dar-lhe...
Os meus amigos de Caicoli foram embora, taditos, tristes e desanimados, diria mesmo with a broken heart!
Ficaram de escrever mas eu, sinceramente, não sou muito destas coisas à distância...
Díli, está uma pasmaceira, não se passa nada e os locais do costume abarrotam de mediocridade!
I need a break! For god sake!
Vou até à Austrália, banhar-me no conforto e o pouco de civilização que está mais próximo daqui. Talvez consiga dar um giro até à Samoa... sempre nos inunda as vistas com alguma coisa!
Despeço-me, até um dia destes e espero que a sua estupidez natural continue a iluminar-lhe a mente com as suas coisas básicas e até pouco interessantes. Veja lá se arranja outros nutrientes para o intelecto, que me parece ter algum potencial.
Até um dia destes!
Soraia
Depois deste seu interregno, devo confessar que o meu entusiasmo se gorou pelos meandros dos UVAs, nas praias de Metinaro e Areia Branca...
Compreendo as suas dificuldades e compromissos, desconfio, no entanto, que o que diz seja realmente o que se passa. Mas isso também não me diz respeito.
Estou de partida, não sei por quanto tempo nem se vou voltar...
Decidi ir tentar mais uma vez com o meu marido...
Sinto, no entanto, que as coisas estão péssimas e que não há mesmo volta a dar-lhe...
Os meus amigos de Caicoli foram embora, taditos, tristes e desanimados, diria mesmo with a broken heart!
Ficaram de escrever mas eu, sinceramente, não sou muito destas coisas à distância...
Díli, está uma pasmaceira, não se passa nada e os locais do costume abarrotam de mediocridade!
I need a break! For god sake!
Vou até à Austrália, banhar-me no conforto e o pouco de civilização que está mais próximo daqui. Talvez consiga dar um giro até à Samoa... sempre nos inunda as vistas com alguma coisa!
Despeço-me, até um dia destes e espero que a sua estupidez natural continue a iluminar-lhe a mente com as suas coisas básicas e até pouco interessantes. Veja lá se arranja outros nutrientes para o intelecto, que me parece ter algum potencial.
Até um dia destes!
Soraia
Exmo. Sr. Joaneto outra coisa qualquer,
Admito que sigo silenciosamente há já algum tempo as suas deambulações pitorescas do agreste monte onde supostamente vive!
Receio por si...
Sei quem é e o que faz. Espantado?
(Não se esqueça que no seu monte de Zumalai não existe acesso à internet!)
Pois é, aqui tudo se sabe e tudo se percebe...
Ao contrário de muitos, que pensam que uma bela doença serve como desculpa para o encobrimento de machadadas no seus sagrados e belos casamentos!
Enfim, não vamos por aí...
Aproveito ainda para o informar que estou a começar a perder a paciência com os seus devaneios inconscientes e inconsistentes, julgava-o mais inteligente!
Liberte esse seu potencial espírito de escritor puro e desligue-se das malhas noticiosas. Elas entalham o espírito e viciam o mais íncolume dos mortais. Proteja-se!
Saiba ainda que, se nos próximos textos não mostrar o seu real potencial irei denunciá-lo publicamente!
Aproveito ainda para dizer que é uma pena que tenha deixado esta ideia esmorecer junto aos poucos leitores e colaboradores assíduos que de um dia para o outro se foram para outros espaços cibernéticos, possivelmente à procura de outros alimentos para o espírito!
Hoje é assim, mas se colaborar, prometo que trocaremos interessantes prosas.
Felin Xupado
Admito que sigo silenciosamente há já algum tempo as suas deambulações pitorescas do agreste monte onde supostamente vive!
Receio por si...
Sei quem é e o que faz. Espantado?
(Não se esqueça que no seu monte de Zumalai não existe acesso à internet!)
Pois é, aqui tudo se sabe e tudo se percebe...
Ao contrário de muitos, que pensam que uma bela doença serve como desculpa para o encobrimento de machadadas no seus sagrados e belos casamentos!
Enfim, não vamos por aí...
Aproveito ainda para o informar que estou a começar a perder a paciência com os seus devaneios inconscientes e inconsistentes, julgava-o mais inteligente!
Liberte esse seu potencial espírito de escritor puro e desligue-se das malhas noticiosas. Elas entalham o espírito e viciam o mais íncolume dos mortais. Proteja-se!
Saiba ainda que, se nos próximos textos não mostrar o seu real potencial irei denunciá-lo publicamente!
Aproveito ainda para dizer que é uma pena que tenha deixado esta ideia esmorecer junto aos poucos leitores e colaboradores assíduos que de um dia para o outro se foram para outros espaços cibernéticos, possivelmente à procura de outros alimentos para o espírito!
Hoje é assim, mas se colaborar, prometo que trocaremos interessantes prosas.
Felin Xupado